Eu Sou porque Tu Foste

A praia do Bilene era um lugar para mim totalmente desconhecido até ao momento em que peguei num dos envelopes de negativos do meu pai e li, escrito pela sua mão: Rochetas Bilene Dezembro 1967. Confesso que, no meu total desconhecimento de Moçambique, o meu primeiro pensamento não foi o de Bilene poder ser um lugar. Foi durante o processo de digitalização, ao ver que nas fotos só aparecia a família Rocheta e o meu pai numa casa diferente que ponderei a possibilidade de o ser e, graças ao Google Maps aprendi mais um bocadinho. No dia 8 da minha viagem a Moçambique em 2022 passei por lá 🙂 Foi apenas uma noite mas o amanhecer naquele lugar valeu por tudo. É um lugar maravilhoso! E hoje, enquanto escrevo e a meio do processo de recuperação de algumas das fotografias do Acervo já consigo reconhecer, mesmo que esbatido, desfocado, no fundo de algumas fotografias os contornos da Baía do Bilene. Algumas fotografias do Acervo Fotográfico de Manuel A. Martins Gomes na praia do Bilene: Graça Sa...

Bilene-Maputo, 2 de dezembro de 2022, sexta-feira Acordar no Bilene Não sei a que horas adormeci, mas levantei-me ao primeiro sinal de luz, às 4:30 da manhã. Ainda a espreguiçar-me vi a luz a entrar pela nesga das cortinas como se me chamasse “ Vem abre as cortinas e vê o presente que tenho para ti “. Levantei-me num ápice, afastei as cortinas e vi. Fiz rolar a porta de correr da varanda, saí e senti. Fiquei ali, em pé, parada, a ver a luz do sol a transpor a língua de terra do outro lado da lagoa, a mergulhar lentamente na água, e a ver-se gradualmente ao espelho no leito calmo da lagoa. Um espetáculo da natureza que me fez voltar para dentro a correr, para me calçar, apanhar a câmara fotográfica e sair porta fora. Arrebatadora caminhada matutina Passeei em direção ao pequeno cais. Aproximei-me devagarinho dos pássaros que poisavam em cada um dos seus mastros. Com o ranger da madeira, em cada um dos meus passos, e com o som do bater das boias contra o cais, um após outro, voava. Conti...