Fotografias da década de 1950 da desativada CVM – Companhia Vidreira de Moçambique, na Machava.
FAIT DIVERS
O meu pai não era pessoa de andar a revisitar as suas fotografias muitas vezes. Mantinha as suas fotografias favoritas, reveladas, divididas por três caixas de cartão, na mesma gaveta onde guardava os envelopes com fotografias para oferecer aos amigos quando um encontro se proporcionasse.
Foram mesmo poucas as vezes que o vi, em pé, ao lado da gaveta, a revisitar algumas das suas fotos com aquele olhar de quem gosta daquilo que vê. Uma das suas fotos favoritas era esta primeira foto que aqui partilho. Com entusiasmo, e com a foto na mão, explicava-me como o vidro era feito e soprado!
Na altura, algures a meio da década de 1980, teria eu uns 10 anos, não fazia ideia do porquê daquelas fotografias nem da correlação delas com o percurso profissional do meu pai. Sabia apenas que o meu pai trabalhava na CIVE (Companhia Industrial Vidreira, SARL) e que ia com alguma frequência à Marinha Grande. Aliás, ainda hoje associo o vidro a… trouxas de ovos! Tudo porque sempre que o meu pai regressava da Marinha Grande trazia uma caixa de plástico dura, redonda, branca, com tampa transparente, cheia de enormes trouxas de ovos. Memórias infantis 😉
Isto para explicar que embora o ouvisse, e registasse tudo que me dizia, não conseguia encaixar e realizar a totalidade de tudo o que me contava. Foram precisos alguns largos anos para começar a ligar os pontos, interessar-me e, graças aos céus, relembrar-me de conversas tidas tantos anos atrás.
O meu pai na CVM
Foi director da Companhia Vidreira de Moçambique de 1958 a 1971, tendo recebido o então Ministro do Ultramar português Vasco Lopes Alves nas instalações da fábrica em 1959. Consegui perceber isso através do Curriculum Vitae do meu pai e do único álbum de fotografias e recortes que o meu pai tinha. Nesse álbum, existe uma série de fotografias que relatam todo o enorme evento.
Curriculum Vitae: “(...) Em fins de 1957 sou convidado para director da Companhia Vidreira de Moçambique, convite feito pelos membros de Conselho de Administração daquela Companhia e também da Sociedade Central de Cervejas. Tomei posse em Junho de 1958. Quando em 1960 a Companhia de Iniciativas Económicas de Moçambique, SARL – constituída quase na totalidade por pessoas ou sociedades ligadas à S.C.C. – adquiriu a posição de F. Dicca, Lda. (50%) nas Fábricas de Cerveja Reunidas de Moçambique, Ltd, fui convidado para Director de A Distribuidora, Lda., sociedade esta que procedia à distribuição e venda para todo o território de Moçambique assim como à exportação. Aceite o convite desempenhei-o durante o primeiro ano em acumulação com o de director da Vidreira, situação que não se podia prolongar por mais tempo devido ao facto de nessa altura iniciarmos a reestruturação da Distribuidora.(...)“ Para ver mais sobre Manuel Augusto Martins Gomes, clicar aqui,
Pouco mais informações tenho, para além de curiosidades, como a da parede de vidros coloridos da casa da Namaacha, que foi feita com restos de vidro que ficavam nos fornos da fábrica.
Tive a oportunidade (e sorte) de conseguir visitar a fábrica na minha viagem a Moçambique em 2022. Para ler entrada sobre a CVM, no meu Diário da Viagem a Moçambique no ano de 2022, ver o Dia 2 – Maputo – Namaacha – Machava
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FAIT DIVERS
O meu pai não era pessoa de andar a revisitar as suas fotografias muitas vezes. Mantinha as suas fotografias favoritas, reveladas, divididas por três caixas de cartão, na mesma gaveta onde guardava os envelopes com fotografias para oferecer aos amigos quando um encontro se proporcionasse.
Foram mesmo poucas as vezes que o vi, em pé, ao lado da gaveta, a revisitar algumas das suas fotos com aquele olhar de quem gosta daquilo que vê. Uma das suas fotos favoritas era esta primeira foto que aqui partilho. Com entusiasmo, e com a foto na mão, explicava-me como o vidro era feito e soprado!
Trabalhadores na Companhia Vidreira de Moçambique (CVM), Machava, no final da década de 1950
MMG_N_F_008 📷 by Manuel Augusto Martins Gomes
Isto para explicar que embora o ouvisse, e registasse tudo que me dizia, não conseguia encaixar e realizar a totalidade de tudo o que me contava. Foram precisos alguns largos anos para começar a ligar os pontos, interessar-me e, graças aos céus, relembrar-me de conversas tidas tantos anos atrás.
O meu pai na CVM
Foi director da Companhia Vidreira de Moçambique de 1958 a 1971, tendo recebido o então Ministro do Ultramar português Vasco Lopes Alves nas instalações da fábrica em 1959. Consegui perceber isso através do Curriculum Vitae do meu pai e do único álbum de fotografias e recortes que o meu pai tinha. Nesse álbum, existe uma série de fotografias que relatam todo o enorme evento.
Curriculum Vitae: “(...) Em fins de 1957 sou convidado para director da Companhia Vidreira de Moçambique, convite feito pelos membros de Conselho de Administração daquela Companhia e também da Sociedade Central de Cervejas. Tomei posse em Junho de 1958. Quando em 1960 a Companhia de Iniciativas Económicas de Moçambique, SARL – constituída quase na totalidade por pessoas ou sociedades ligadas à S.C.C. – adquiriu a posição de F. Dicca, Lda. (50%) nas Fábricas de Cerveja Reunidas de Moçambique, Ltd, fui convidado para Director de A Distribuidora, Lda., sociedade esta que procedia à distribuição e venda para todo o território de Moçambique assim como à exportação. Aceite o convite desempenhei-o durante o primeiro ano em acumulação com o de director da Vidreira, situação que não se podia prolongar por mais tempo devido ao facto de nessa altura iniciarmos a reestruturação da Distribuidora.(...)“ Para ver mais sobre Manuel Augusto Martins Gomes, clicar aqui,
Pouco mais informações tenho, para além de curiosidades, como a da parede de vidros coloridos da casa da Namaacha, que foi feita com restos de vidro que ficavam nos fornos da fábrica.
Tive a oportunidade (e sorte) de conseguir visitar a fábrica na minha viagem a Moçambique em 2022. Para ler entrada sobre a CVM, no meu Diário da Viagem a Moçambique no ano de 2022, ver o Dia 2 – Maputo – Namaacha – Machava
Trabalhadores na Companhia Vidreira de Moçambique (CVM), Machava, no final da década de 1950
MMG_N_F_007 📷 by Manuel Augusto Martins Gomes
- Notícia em Televisão Local (março 2021) sobre a retoma da produção até 2024
- Localização: https://maps.app.goo.gl/RZrNX4ZGQgEtEnk76
Para ver mais:
© 2024 Eu Sou porque Tu Foste. All Rights Reserved. Fotografias do Acervo Fotográfico de Manuel Augusto Martins Gomes, recuperadas por @zebmgomes para @eusouporquetufoste
- Quem foi Manuel Augusto Martins Gomes?
- Lugares vividos e visitados por Manuel Augusto Martins Gomes
- Sobre o Acervo de Manuel Augusto Martins Gomes
- Publicações do Acervo Fotográfico de Manuel Augusto Martins Gomes
© 2024 Eu Sou porque Tu Foste. All Rights Reserved. Fotografias do Acervo Fotográfico de Manuel Augusto Martins Gomes, recuperadas por @zebmgomes para @eusouporquetufoste
Mencionados nesta publicação:
Vasco Lopes Alves (PAX_MAMG_VSCLPSLVS),
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